21 de novembro de 2011

Teste de Português, 11º ano, sobre Texto de apreciação crítica e anúncio publicitário

GRUPO I – LEITURA (150 pontos)

 

Conteúdo:                                             6 pontos
Organização e correção linguística:     4 pontos
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Total:      10 pontos cada questão
5 x 10 pontos = 50 pontos

 TEXTO A (50 pontos)

1.      Leia o texto A e depois responda às questões, por palavras suas e de forma completa.

 
Razões objetivas para se ter cinco mil amigos dos quais não se conhecem mais de três
Onde o nosso Comendador, apesar da provecta idade, discorre sobre as redes sociais, nomeadamente o Facebook (ou livro de caras), do qual é membro ativo há já seis dias.

          Foi quando me perguntaram o que pensava das redes sociais que descobri que não pensava nada. A resposta que dei, envolvendo a ADSE, a Santa Casa da Misericórdia e o Albergue da Mitra, foi claríssima, já que provou que eu nem fazia ideia do que é o que hoje chamam uma rede social.
          Pedi ajuda aos meus netos (ou talvez sejam bisnetos). Explicaram-me tudo muito bem, disseram que tinham 60 ou 70 amigos cada no Facebook.
          - Livro de caras - corrigi eu, que nunca gostei de expressões anglófilas à mesa.
          - Não, vô, Facebook mesmo, é assim que se chama.
          Decidi aderir ao dito Facebook e, logo que soube que o máximo de amigos é cinco mil, apostei com todos os netos que tinha à mão, e ainda com um filho ou dois, que em menos de um mês chegaria a ter os ditos cinco mil.
          No primeiro dia, inscrevi-me e coloquei lá todos os meus dados, exceto os das séries de televisão preferidas, porque, desde que acabaram os Concertos para a Juventude de Leonard Bernstein - e o próprio Leonard Bernstein -, nunca mais vi nada de jeito na TV. Passados dois minutos a olhar para aquela barra azul, na ânsia de encontrar um amigo qualquer (da faculdade e do colégio já não havia nenhum), apareceu uma senhora com uma foto jeitosa a pedir para ser minha amiga. Claro que aceitei! Poucos segundos depois ela mandou-me uma mensagem onde insinuava que era minha admiradora e que eu lhe devia comprar e divulgar um livro de autoajuda intitulado "Como Fazer Amigos no Facebook". Comprei o livro, divulguei-o na minha página e penso que era, exatamente, a autoajuda de que precisava naquele momento, pois imensa gente, a partir daí, quis ser minha amiga.
          Após dois escassos dias de adesão à rede, eu era já amigo de vinte e sete restaurantes, de quarenta e seis regiões, cidades e aldeias, de um talho, de duas charcutarias, de seis promotores imobiliários, de quatro livrarias e de quinze festas populares, arraiais e concertos diversos. Com dois velhotes (um deles ateu militante), que me concederam igualmente a alegria de serem meus amigos, perfaziam mais de cem. Como balanço de dois dias não era mau, mas ainda era pouco.
          Aderi, então, a todos os grupos e causas que pude, desde a que pugna pelo não fecho da Biblioteca Nacional até à que luta pelas obras imediatas para salvar a Biblioteca Nacional. Tornando-me amigo das diversas distritais do PSD, do PS, do Bloco e de células avulsas do PCP e núcleos do CDS, e ainda de Manuel Alegre, de Fernando Nobre, de Cavaco Silva e da Causa Monárquica, evitando habilidosamente uma disputa entre o Núcleo Tauromáquico de Santarém e o Grupo de Forcados Amadores do Montijo, ao fim do quarto dia tinha mais dois mil amigos. Salvo erro, destes conheço dois, mas estabeleci uma relação de certa intimidade com a aldeia de Cebolais, cujo presidente da Junta quer fazer de mim aldeão honorário.
          Agora, que em seis dias fiz quase três mil amigos, acredito que ganhei a aposta. É certo que comecei a aceitar amigos russos, indianos, americanos e, até, da Finlândia. Já dizia o meu avô que amigos até no Inferno - e, se aparecer algum, é certo que os adiciono. Por falar nisso, tenho cá o Sócrates e o Passos, para não falar do John McCain, da Sarah Palin, do Zapatero e do Chávez.
          O que é preciso, como diz o outro, é confiança. E estou cheio dela. Quando descobrir para que quero tanto amigo, não deixarei de dizer.
Comendador Marques de Correia
Texto publicado na edição da Única de 24 de julho de 2010

 

1.1.  Explique o equívoco do Comendador Marques de Correia em torno da expressão “rede social”.
 1.2.  Interprete a sua intenção de traduzir a palavra “Facebook”.
1.3.  Porque aderiu o comendador ao Facebook?
1.4.  Comente o valor expressivo da ironia presente na frase “após dois escassos dias […] concertos diversos” (ver as linhas sublinhadas no texto).

1.5.  O que fez ele para ganhar a aposta que fizera com os seus familiares mais jovens?
 

(continua) 


Questões 2.1. –  2.5.
Conteúdo                                              9 pontos
Organização e correção linguística      6 pontos
__________________________
Total:     5 x 15 pontos = 75 pontos

Questão 2.6.
Conteúdo                                              15 pontos
Organização e correção linguística      10 pontos
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Total:     25 pontos,

TEXTO B (100 pontos)

1.      Leia o anúncio publicitário e depois responda às questões.

 



1.1.  Descreva de forma simples o que vê no anúncio.
1.2.  Evidencie as componentes da mensagem icónica (objetos, pessoas…) e sua conotação.
1.3.  Esclareça a mensagem linguística.
1.4.  Descodifique a mensagem plástica (a composição ou disposição na página, formas, cores…).
1.5.  Explique de que modo as funções informativa e apelativa da linguagem estão presentes neste anúncio.
1.6.  Num parágrafo bem redigido, com pelo menos 100 palavras, apresente a sua interpretação pessoal e global do anúncio (deve aproveitar o que disse nas questões anteriores).
 

Estruturação temática e discursiva:  30 pontos
Correção linguística:                    20 pontos
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Total:     50 pontos

GRUPO II – EXPRESSÃO ESCRITA

O texto A aborda a questão das redes sociais e das comunidades virtuais.


Redija um texto expositivo-argumentativo bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras, em que apresente a sua opinião sobre a importância e/ou perigos das redes sociais na internet. Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

Nota: Antes de começar a escrever o texto, elabore um plano da composição.
(fim)