21 de fevereiro de 2012

Guião - Respostas ao questionário 1


“Sermão de Santo António aos peixes” (1654)
do Padre António Vieira




Antes de ler (p. 47) e Compreensão/Interpretação (pp. 50-51) – cap. I

1. Conceitos:
“sermão”   - Discurso sobre assunto religioso pronunciado no púlpito por um padre ou pregador, com um fim moral. No registo informal: repreensão.
“pregador” - lê-se |è...ô|O que faz pregações; orador sagrado. No registo informal: aquele que ralha ou admoesta.
“púlpito”   - uma tribuna de onde o padre prega aos seus fiéis numa igreja.
“doutrina” - princípios de uma religião ou outro sistema de ideias.
“evangelho”        - conjunto dos ensinamentos de Cristo ou a referência a um relato da Sua vida.
“oratória”   - a arte de falar em público.

2. As propriedades do sal
2.1. Signifificado da palavra “corrupção”, nos domínios…
… religioso:          pecado, degradação moral.
… biológico:         refere-se ao apodrecimento da carne.
… judicial:            alude-se ao ato de aliciar alguém a cometer uma ilegalidade em troca de dinheiro, bens ou serviços.

3. “Santo António Pregando aos Peixes” (1580), pintura a óleo, de Paolo Veronese.
Na pintura, vemos S. António num promontório a olhar para um grupo de homens (os que estão em primeiro plano, trajam vestes luxuosas), à direita, e a apontar para os peixes que estão no mar (com a cabeça de fora, escutando), à esquerda.
3.1. S. António dirige-se aos homens.
3.2. S. António pode estar a apontar para os peixes no mar, indicando-os como exemplo: sugere-se que ao contrário dos homens, desatentos e a falar – repare-se em três deles, em primeiro plano, de costas voltadas para o pregador e a conversar – os peixes seriam o auditório ideal.

Compreensão/Interpretação 1 (pp. 50-51)

1. Conceito predicável.
1.1. São os pregadores (“Vos”).
1.2. Os pregadores são como o sal: impedem a degradação moral e espiritual dos fiéis.

2. Esquema, de acordo com o texto:

Sal = (1) Pregadores
(efeito)
(2) Impedir a corrupção
Porém, “a terra se vê tão corrupta”
Seis razões
Os pregadores

Os ouvintes
(3) “não pregam a verdadeira doutrina”

(4) “não a querem receber”
(5) “dizem uma coisa e fazem outra”

(6) “imitam o que eles fazem e não o que eles dizem”
(7) “pregam a si e não a Cristo”

(8) “servem os seu apetites e não a Cristo”
Soluções
(9) “desprezar os pregadores que faltam à doutrina e ao exemplo”

(10) “mudar de auditório”


Conselho do pregador:
(11) Imitar Santo António e pregar aos peixes”

3. (O orador inicia o discurso citando Cristo) para conferir autoridade às suas palavras, pois as palavras de Cristo são uma garantia da verdade da proposição.

4. Paralelismo sintático (ou paralelismo anafórico). Com ele o orador organiza o seu discurso e apresenta em alternativa (“ou”) as possíveis explicações para a corrupção na terra.

5. Enumeração. Ex. “começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos”. Valor expressivo: neste caso, a enumeração enfatiza a ideia de grande diversidade de uma realidade e, aqui, de grande quantidade.

6. Caracterização de Santo António. Trata-se de um homem generoso, destemido, zeloso, persistente e muito determinado na divulgação da doutrina.
6.1. Santo António = modelo. Vieira anuncia que o tomará como modelo, que o imitará e que seguirá o seu exemplo nas virtudes e na pregação.

7. Sinónimos:
a) Impedir – evitar, parar;
b) ofício – tarefa;
c) virtude – valor, glória, honra;
d) inútil – desnecessário;
e) galharda – garbosa, corajosa;
f) fruto – resultado;
g) zelo – dedicação, fé;
h) fortuna – destino, sorte;
i) sólida – consistente, forte.

8. Marcas do discurso oral nesta parte do sermão: o uso de
- a repetição: «Chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra, o que faz o sal.»
- o polissíndeto: «e os Pregadores se pregam a si e não a Cristo.»
- a exclamação: «Oh  maravilhas do Altíssimo!»
- questões retóricas: «Não é tudo isto verdade?»

8.1. O sermão é um discurso preparado para ser proferido em público, frente a um auditório que se pretende comover e deleitar.