Aula 25 (9.01.12) Sumário: • Resolução da questão 2 do questionário de interpretação da parte II do sermão (p. 56) • Preenchimento de um quadro sistematizador da parte III (questão 1, p. 62)
Aula 26 (10.01.12) – 11ºD/ Aula 27 (13.01.12) – 11ºG Sumário: Continuação da leitura interpretativa do sermão: exercício vocabular e preenchimento de um quadro sistematizador (parte III).
Sumário: • Leitura oral e crítica da parte IV (excertos) do sermão. • Resposta a questões seleccionadas do questionário da p. 12. • Preenchimento de um texto lacunar de interpretação final desta parte do sermão.
Este trabalho consiste numa apresentação oral sobre um
dos seguintes temas: a vida e a obra
do escritor do programa ou sobre a
sua época.
Deverás basear-te nas três etapas explicadas na ficha de língua nº 17 do manual: a
preparação, a elaboração do guião e a exposição oral propriamente dita.
O guião da
apresentação deverá ter a estrutura tripartida habitual.
No tratamento do tema escolhido, a informação deverá
obrigatoriamente ser apresentada por tópicos
e esquemas (devem evitar-se as frases longas).
No caso da exposição oral ser apoiada em recursos diversificados
(música, imagens, vídeos, objetos, etc.) e sobretudo se for utilizado o PowerPoint,
deverão ser evitados os efeitos visuais que distraiam demasiado o público.
As tarefas deverão ser divididas entre os dois
elementos do grupo.
Bibliografia a consultar:
Manual Português 11º
ano. Projeto Desafios:
oFicha de língua 17 – A apresentação oral, pp. 348-349.
oSequência 2 – Sermão de
Santo António aos Peixes, do Padre António Vieira, pp. 36-89.
Especificamente: pontos 2.1, 2.2 e 2.4.
O mundo da literatura barroca portuguesa revela aspetos
contrastantes, num jogo constante de claro-escuro:
nos textos literários desta época encontramos, lado a lado,
faces contrastantes ou contraditórias.
Meditação desiludida sobre a vida humana/valorização
do gozo terreno ainda que efémero
A espiritualidade e a sublimação/a materialidade
aprendida pelos sentidos
O amor idealizado e mesurado/o amor sensual e
licencioso
O retrato elogioso/o retrato caricatural
Literatura/contraliteratura
Tragédia/comédia
Claro-escuro
…
Temas e
motivos da poesia barroca
1.O tempo
«[…] o mundo barroco é dominado pela figura do
tempo, pela visão obsessiva do seu fluir
e do seu império sobre os homens e sobre as coisas. Esta consciência aguda do tempo que foge constitui assim o núcleo
de uma constelação temática – a efemeridade,
a transitoriedade, o desengano – e confere unidade semântica
a motivos tão diversos como a rosa, o relógio, as ruínas, a morte. A
consciência do tempo que passa arrastando o homem no seu fluir (expressa na
literatura de todos os tempos) surge-nos como uma obsessão na poesia barroca.» [Pires, p. 33]
A efemeridade: «A angústia perante o fluir do tempo resulta da consciência de que o
homem é arrastado nesse movimento e que, na perspetiva humana, esse fluir é
caminhar para a morte. Vida efémera, portanto, a do homem, inevitavelmente sob
o signo do tempo. Multiplicam-se as metáforas que apresentam essa efemeridade.
Acumulam-se as comparações com seres igualmente efémeros, de breve duração: a
rosa […], a luz que um sopro extingue, o navio que a tormenta destrói, o edifício
arruinado. Visões de beleza, brilho ou grandeza que rapidamente desembocam na
destruição.» [Pires, p. 34. V. Plazenet, pp. 36-37: «La
flemme et la bulle: la vie fugitive; la séduction de l’éphémère».]
A inconstância (ou transitoriedade): «Tudo passa, nada é estável. A consciência desta
instabilidade impede a apreensão da realidade das coisas. De facto, como dizer
a essência daquilo que por natureza se muda a cada instante? Tanto mais que
essa mudança corresponde à transformação das coisas no seu contrário. No plano
da expressão poética, a perceção desta mudança exprime-se pela identificação
paradoxal dos contrastes. Vida e morte deixam de ser opostos para serem sinónimos,
pois que a vida é gérmen da morte, cada momento da vida é um avanço da morte.» [Pires, p. 34. V. Plazenet, pp.37-38: «L’eau: perpetum mobile; le plus fascinant des miroirs»]
- O homem é Proteu:
«Divinité marine, Protée a le pouvoir, comme l’élément dans lequel il se meut,
de revêtir des formes différents. […] Il est une image de l’homme changeant dans cesse, sous l’effet du temps, des
circonstances, des individus avec lesquels il se trouve.» [Plazenet, p. 30]
A vaidade do mundo: «L’inconstance révèle à
l’homme sa profonde vanité. […] Instabilité douloureuse, l’inconstance rappelle
chacun au sentiment de son néant. Incapable de reconnaître la main de Dieu dans
l’incohérence de sa situation, l’homme se voit abandonné à la fortune.»
[Plazenet, p. 31] Nos textos de intenção religiosa (e portanto moralizadores)
pretende-se «détourner l’homme de ses passions et du monde, de lui inspirer
dans l’effroi le désir de se convertir et de faire pénitence.» [idem]
A morte: «Tudo passa, caminhando para a destruição. Consciente disso, o homem barroco
fez da morte tema dominante do seu pensar, do seu escrever. A presença da morte
ocorre a cada passo na poesia barroca. A morte de alguém (alguém ilustre pela
sua beleza, pela sua sabedoria, pelo seu poder, pela sua elevada categoria
social) é dos motivos mais frequentemente tratados e utilizados como ponto de
partida de meditação sobre a efemeridade dos bens terrenos. Mas na sociedade
barroca a morte constitui-se em espetáculo. As pompas fúnebres, a grandiosidade
dos monumentos tumulares são ainda formas de ostentação de grandeza, ao mesmo
tempo que pretendem dizer o nada dessa grandeza. Há um comprazimento no fúnebre,
no macabro, na representação concreta da morte; e há simultaneamente a
transformação de tudo isso em pompa, em espetáculo, em exibição esplendorosa. A
poesia revela esta associação de elementos contraditórios.» [Pires, pp.34-35. V. Plazenet, pp.34-36: «la mort]
2. A ilusão(La vida es sueño; mundus est fabula):
«la représentation de
métamorphoses en série invite à considérer que la réalité est une succession
d’apparences sans plus de fondement les unes que les autres. Elle constitue
à chaque moment une illusion.» [Plazenet, pp. 28-29]
«O homem passa pela vida iludido pela aparência
das coisas: julga-as reais e são ilusões que se desfazem em nada. Como as
imagens virtuais que o espelho nos devolve…. Ou como os sucessos vividos em
sonho… Onde a realidade dessas imagens? O sonho e o espelho, mostrando a ilusão
e a fabilidade do homem, são novos motivos fomentadores da quase constante
lição de desengano que esta poesia ensina» [Pires, p.36]
3. O disfarce (fingimento)
«Le déguisement baroque est omniprésent et revêt toutes les formes. Travestissement
ludique, dissimulation d’identité, changement de sexe, […], il est un ressort
fondamentale de la littérature aussi bien narrative que dramatique.» [Plazenet,
p. 32] O disfarce «manifeste l’aptitude
de tout individu à devenir autre. Le déterminisme sexuel lui-même ne résiste
pas à ce polymorphisme. […] Se déguiser est le moyen d’accéder à une face cachée des individus ou à une vérité qui ne serait pas relevé sans le
détour de l’altérité.» [idem]
O anulamento do eu («L’évanescence du moi») e
mesmo a loucura: «à trop bien jouer autrui,
l’homme ne sait plus qui il est lui-même. Son moi lui échappe.» [idem].
«Le déguisement, quand il vire à la confusion d’identité, touche à la folie.
(…) La folie, à considérer sa fréquence, est presque un état normal di sujet
baroque.» [ibidem, p.33]
O homem e o comediante: «La marge est mince entre simulation et théâtre. Le personnage
déguise confesse avoir du plaisir à jouer la comédie aux autres. Aussi la
comédie et le comédien envahissent-ils les œuvres de la période. (…) L’illusion au cœur de la réalité. La
littérature baroque insiste sur les figures du dédoublement pour mieux
représenter le caractère illusoire de la réalité matérielle. Ses motifs
ressortissent au jeu, mais ce dernier est grave. Il engage une conception de
l’existence.» [idem]
4. O amor e a imagem da mulher
«Embora o amor não seja dos temas mais frequentes
da poesia barroca, não deixam de estar presentes os sofrimentos amorosos: a dor da ausência, do amor não correspondido,
da saudade do bem passado. As setas do Cupido continuam a fazer sangrar
corações de poetas que choram… recorrendo aos consagrados moldes da poesia
petrarquista.
«A imagem
da mulher herdada desta linha poética permanece ainda. De inovador, como
resultado da apropriação dessa herança literária pelo espírito barroco,
surge-nos o acentuar hiperbólico dos traços, a intensificação dos elementos
visuais, a proliferação desmedida da metáfora descritiva. Surge sobretudo, de
acordo com o gosto barroco pelos contrastes, o reverso da medalha: a imagem de
um amor sensual, traduzida numa linguagem realista, quando não mesmo obscena, e
a imagem da mulher despida de fatores idealizantes, na sua realidade prosaica.
«Muitos dos
poemas de amor da época barroca funcionam ainda como reflexo de uma realidade
social sua contemporânea – os chamados amores
freiráticos, ou seja, as relações amorosas centradas nos conventos (muito
numerosos), e que originaram uma abundante produção poética.» [Pires, pp. 36-37]
5. A religiosidade
Relativamente frequentes, os poemas que tratam a
atitude do homem perante Deus revelam igualmente as tendências mais marcantes
do estilo da época: “o gosto lúdico da
expressão paradoxal, da associação de contrários, expande-se nestes poemas
ao nascimento de Cristo e à sua paixão, comprazendo-se geralmente o poeta em
acentuar a convergência de grandeza e humilhação, poder real e fraqueza aparente,
divindade e humanidade de Cristo nestes momentos.” [Pires, p.37] Deste modo, “a
exibição do trabalho retórico domina muitos destes poemas, sobrepondo-se à
expressão da emoção religiosa.” [p. 38]
O homem
como objecto do amor de Cristo:
“O homem apresenta-se geralmente como pecador, numa posição de dependência
total em relação ao amor e misericordia de Deus.” [ibidem, p. 37] “[…] homem atormentado pela consciência do pecado,
pelo arrependimento, pelo desengano em busca de refúgio na misericórdia de Deus
[…]” [ibidem, p. 38]
Expressão
ambígua da emoção amorosa: “A
poesia religiosa da época barroca com frequência confunde as águas da
religiosidade e do erotismo. Amor profano e amor divino são cantados em termos
idênticos, desde a consagrada utilização das imagens do Cântico dos Canticos para exprimir a união da alma com Deus, até à
caracterização de Cristo com os traços de um Cupido por cujas setas o poeta se
declara atingido. Os numerosos poemas de Violante do Céu ao nascimento de
Cristo são exemplos elucidativos desta tendência.” [ibidem, p.38]
6. Temas jocosos
«O poeta barroco percebeu que toda a realidade,
por mais trágica ou sublime, tem a sua face grotesca e exibiu essa face em
numerosos poemas em que o cómico é o ethos
fundamental. O poeta barroco […] move-se nesse mundo de contrastes e assume na
sua produção poética tanto o riso como as lagrimas. […]. O poeta barroco ri de
tudo: de si próprio e dos outros, de defeitos físicos e morais, de costumes da
sociedade, de carências materiais; ri de poetas e da própria poesia, de tópicos
e de textos literários. E o seu riso é uma das vezes subtilmente irónico,
outras alegremente galhofeiro, outras ainda chocarreiro e obsceno. É também,
por vezes, um riso doloroso […]” [Pires, pp.39-40]
Bibliografia:
PIRES, Maria Lucília Gonçalves (apres. crítica,
selec., notas e sugestões para análise literária de –), Poetas do período barroco.
Lisboa, Comunicação, 1985.
PLAZENET, Laurence, La littérature baroque, Paris, Seuil, 2000.
O equívoco do autor do texto foi ter associado a
expressão (“rede social”) a instituições de apoio social, como por exemplo, a
Santa Casa da Misericórdia.
10
1.2.
Não sabendo o que é o Facebook, o autor manifesta uma
atitude de defesa da língua portuguesa, i.e., resiste ao “estrangeirismo”
dizendo que se deve traduzir a palavra. O autor não percebeu que esta palavra
designa uma rede social e que já é usada por toda a gente.
10
1.3.
(O comendador aderiu ao Facebook) para conhecer algo
atual e tecnológico que as novas gerações da família (netos e filhos)
dominavam e ele não; um pouco em atitude de desafio.
10
1.4.
(Essa frase é irónica porque) o autor brinca com o conceito
de “amizade”: em vez de pessoas, surgem como amigos restaurantes, regiões,
lojas, etc., com os quais ele não partilha nada em comum. Portanto, ele não
está a utilizar adequadamente o Facebook: dificilmente conseguirá compartilhar
conhecimentos e interesses com tantas e tão diversificadas entidades.
10
1.5.
(Para ganhar a aposta que fizera com os seus familiares
mais jovens), o autor aderiu a tudo o que pôde e de modo aleatório pois
alguns dos grupos, causas ou pessoas são antagónicos, contraditórios ou
rivais.
10
Questões 2.1. –
2.5.
Conteúdo 9
pontos
Organização
e correção linguística 6 pontos
__________________________
Total: 5
x 15 pontos = 75 pontos
Questão 2.6.
Conteúdo
15
pontos
Organização
e correção linguística 10 pontos
__________________________
Total: 25
pontos
2 (100 pontos)
Questão
Resposta
Pontos
2.1.
Trata-se de uma motorizada amarela da Honda, uma X8R-S, e a parte de
baixo do rosto de uma rapariga: vê-se o seu sorriso e um piercing no lado
direito do nariz. A marca Honda surge sobre a face. Quanto ao fundo, a parte
de cima é escura/preta, a de baixo, maior, é laranja. Também há frases e
texto.
15
2.2.
(Componentes da mensagem icónica e
sua conotação)
A rapariga está envolta de enigma (note-se o fundo escuro); é bela,
jovem, sedutora e segura. Usando como adorno um piercing no nariz e a marca
Honda sobre a face como se fosse uma pintura tribal, apresenta um ar rebelde,
arrojado e jovem.
De igual modo, a mota é atraente, “nova”, “super excitante”, apresentando
“segurança” nos seus elementos. A cor alaranjada e quente do fundo sugere
fogo, paixão, aventura.
Quer pelas formas, quer pelas cores ou pelas texturas (brilhos,
suavidade), ambos os elementos, rapariga-mota, são similares, como se o
produto fosse uma extensão da jovem ou ela mesma.
15
2.3.
A mensagem linguística é
composta essencialmente pelo slogan
(colocado na banda divisória do anúncio) e pelo texto argumentativo bastante explícito. Ambos complementam o que
as imagens sugerem: os adultos/pais têm juízo e decidem, os jovens são
insensatos e indecisos. Conduzir uma Honda X8R-S é como usar piercingues ou
ser ousado e corajoso.
15
2.4.
Quanto à mensagem plástica,
este anúncio apresenta uma composição dual: duas cores (preto/laranja), dois
objetos (rosto feminino/motorizada). O slogan, como uma banda, divide e liga
as duas partes. Todavia, o maior destaque é conferido ao produto, à Honda
X8R-S.
Parece haver uma semelhança na posição do rosto da rapariga e na direção
da moto, melhor: há semelhança entre o nariz da jovem e o design da parte da
frente da nova motorizada. A configuração do texto argumentativo (à esquerda,
próximo do assento) assemelha-se à forma do rosto de perfil da jovem. O
encarnado do batom da jovem está presente na marca e no “s” de “X8R-S”; o
branco dos dentes também aparece nas cores da moto e no grafismo da marca.
A impressão geral é de sedução, ousadia, juventude.
15
2.5.
Procura-se informar (função da
linguagem centrada no referente) sobre “a nova e super excitante Honda X8R-S”
lançada no mercado de meios de transporte. Mais do que informar, procura-se coagir sobre o leitor, através do uso
de verbos no modo imperativo: “Deixa que…”, “Experimenta…”, “descobre…”,
“Come ride with us”. Esse apelo é
feito de modo a persuadir o leitor jovem a comprar o produto.
15
2.6
O anúncio é dual: duas cores, dois objetos (rosto feminino/motorizada), duas
opções (“o piercing ou a X8R-S”), a mãe e a filha (i.e., pais/filhos). Tal
dualidade exige reflexão da
parte do leitor: o dilema coloca-o perante uma escolha difícil
pois ambas as saídas são igualmente desejadas: ser rebelde ou conduzir uma
moto H8R-S. Como o produto (a moto) não pode ser tido como desfavorável por
parte do cliente, o dilema tem de ser redirecionado para um terceiro
supostamente em conflito com este - neste caso a mãe (“deixa que a tua mãe
decida: o piercing ou a X8R-S).
Ser um jovem rebelde, ousado e corajoso no aspeto físico e atitude é o
mesmo que conduzir uma Honda X8R-S. É “super excitante” ser assim ou conduzir
uma mota assim.
25
Estruturação
temática e discursiva: 30
pontos
Correção
linguística: 20 pontos
__________________________
Total: 50
pontos
GRUPO II – EXPRESSÃO ESCRITA (50 pontos)
(As respostas dos alunos serão publicadas no blogue D & G)
1.Leia o texto A e depois responda às questões, por palavras suas e de forma completa.
Razões objetivas para se ter cinco mil amigos dos quais não se conhecem mais de três
Onde o nosso Comendador, apesar da provecta idade, discorre sobre as redes sociais, nomeadamente o Facebook (ou livro de caras), do qual é membro ativo há já seis dias.
Foi quando me perguntaram o que pensava das redes sociais que descobri que não pensava nada. A resposta que dei, envolvendo a ADSE, a Santa Casa da Misericórdia e o Albergue da Mitra, foi claríssima, já que provou que eu nem fazia ideia do que é o que hoje chamam uma rede social.
Pedi ajuda aos meus netos (ou talvez sejam bisnetos). Explicaram-me tudo muito bem, disseram que tinham 60 ou 70 amigos cada no Facebook.
- Livro de caras - corrigi eu, que nunca gostei de expressões anglófilas à mesa.
- Não, vô, Facebook mesmo, é assim que se chama.
Decidi aderir ao dito Facebook e, logo que soube que o máximo de amigos é cinco mil, apostei com todos os netos que tinha à mão, e ainda com um filho ou dois, que em menos de um mês chegaria a ter os ditos cinco mil.
No primeiro dia, inscrevi-me e coloquei lá todos os meus dados, exceto os das séries de televisão preferidas, porque, desde que acabaram os Concertos para a Juventude de Leonard Bernstein - e o próprio Leonard Bernstein -, nunca mais vi nada de jeito na TV. Passados dois minutos a olhar para aquela barra azul, na ânsia de encontrar um amigo qualquer (da faculdade e do colégio já não havia nenhum), apareceu uma senhora com uma foto jeitosa a pedir para ser minha amiga. Claro que aceitei! Poucos segundos depois ela mandou-me uma mensagem onde insinuava que era minha admiradora e que eu lhe devia comprar e divulgar um livro de autoajuda intitulado "Como Fazer Amigos no Facebook". Comprei o livro, divulguei-o na minha página e penso que era, exatamente, a autoajuda de que precisava naquele momento, pois imensa gente, a partir daí, quis ser minha amiga.
Após dois escassos dias de adesão à rede, eu era já amigo de vinte e sete restaurantes, de quarenta e seis regiões, cidades e aldeias, de um talho, de duas charcutarias, de seis promotores imobiliários, de quatro livrarias e de quinze festas populares, arraiais e concertos diversos. Com dois velhotes (um deles ateu militante), que me concederam igualmente a alegria de serem meus amigos, perfaziam mais de cem. Como balanço de dois dias não era mau, mas ainda era pouco.
Aderi, então, a todos os grupos e causas que pude, desde a que pugna pelo não fecho da Biblioteca Nacional até à que luta pelas obras imediatas para salvar a Biblioteca Nacional. Tornando-me amigo das diversas distritais do PSD, do PS, do Bloco e de células avulsas do PCP e núcleos do CDS, e ainda de Manuel Alegre, de Fernando Nobre, de Cavaco Silva e da Causa Monárquica, evitando habilidosamente uma disputa entre o Núcleo Tauromáquico de Santarém e o Grupo de Forcados Amadores do Montijo, ao fim do quarto dia tinha mais dois mil amigos. Salvo erro, destes conheço dois, mas estabeleci uma relação de certa intimidade com a aldeia de Cebolais, cujo presidente da Junta quer fazer de mim aldeão honorário.
Agora, que em seis dias fiz quase três mil amigos, acredito que ganhei a aposta. É certo que comecei a aceitar amigos russos, indianos, americanos e, até, da Finlândia. Já dizia o meu avô que amigos até no Inferno - e, se aparecer algum, é certo que os adiciono. Por falar nisso, tenho cá o Sócrates e o Passos, para não falar do John McCain, da Sarah Palin, do Zapatero e do Chávez.
O que é preciso, como diz o outro, é confiança. E estou cheio dela. Quando descobrir para que quero tanto amigo, não deixarei de dizer.
Comendador Marques de Correia
Texto publicado na edição da Única de 24 de julho de 2010
1.1.Explique o equívoco do Comendador Marques de Correia em torno da expressão “rede social”.
1.2.Interprete a sua intenção de traduzir a palavra “Facebook”.
1.3.Porque aderiu o comendador ao Facebook?
1.4.Comente o valor expressivo da ironia presente na frase “após dois escassos dias […] concertos diversos” (ver as linhas sublinhadas no texto).
1.5.O que fez ele para ganhar a aposta que fizera com os seus familiares mais jovens?
Neste episódio, seguindo o formato habitual, procede-se à análise da obra mais emblemática do escritor português, abrangendo aspetos como
a estória, o contexto histórico, a importância que teve/tem, a história
do autor. Nele participam os principais especialistas na
obra e/ou no autor em análise, contemplando igualmente recriações do autor e da sua obra.
Nota. A organização deste texto em três partes - 1) O autor, 2) A obra e 3) O programa - é da minha responsabilidade.
A 6 de Fevereiro de 1608 nasce, em Lisboa, António Vieira.
Seu pai,
Cristóvão Vieira Ravasco, após ter servido na marinha portuguesa,
muda-se no ano seguinte para o Brasil, a fim de assumir o cargo de
escrivão, em Salvador. Em 1614, a família sai de Portugal indo ao seu
encontro. António Vieira tem 6 anos e faz os primeiros estudos no
Colégio dos Jesuítas (em Salvador). Após um início pouco promissor,
torna-se num aluno brilhante. Em Maio de 1623 ingressa, como noviço, na
Companhia de Jesus.
Padre António Vieira (actor: Jorge Oliveira)
No ano seguinte, depois da invasão neerlandesa de Salvador, inicia a
sua vocação missionária. Com interesses diversificados, estuda Teologia,
Lógica, Metafísica, Matemática e Artes, tendo mais tarde sido professor
de Retórica. Em 1634, é ordenado sacerdote. Eram-lhe já atribuídas
notáveis qualidades como pregador.
Aquando da segunda invasão holandesa do Nordeste do Brasil, defendeu
que Portugal deveria entregar aquele território ao inimigo, militarmente
melhor apetrechado, argumentando que a sua manutenção era demasiado
onerosa para os cofres do reino.
Em 1641, após a Restauração da Independência que colocou um ponto
final ao domínio Filipino em Portugal, regressa a Lisboa. Na Capital,
conhece D. João IV e passa a ser depositário da sua amizade e confiança.
É, também, nomeado pregador régio. Entretanto, inicia a carreira
diplomática.
Homem de causas, padre António Vieira teve vários dissabores com a
Inquisição devido a algumas posições por si assumidas, tais como a
defesa dos judeus e dos direitos dos índios.
Anos mais tarde, regressa ao Brasil, país no qual permanece de 1652 a
61, e aí desenvolve a sua vocação enquanto missionário, no Maranhão e
Grão-Pará.
Com a morte de D. João IV, torna-se confessor de D. Luísa de Gusmão.
Mas as suas ideias proféticas acabam por torná-lo num alvo fácil da
Inquisição, que acaba por ordenar a sua expulsão de Lisboa. Em 1667 é
condenado e proibido de pregar, sentença que, meses depois, acabará por
ser revogada. O seu próximo destino é Roma, aí permanecendo de 1669 a
1675. Nesse período, através dos seus discursos - considerados
'deslumbrantes' pela cúria - e das suas posições políticas, alcança o
estatuto de 'intocável', o que lhe permite tecer críticas muito ferozes à
actuação da Inquisição. Após o seu regresso a Portugal (em 1675),
viaja, em 1681, para o Brasil. E ali permanece até à sua morte, a 18 de
Julho de 1697, com 89 anos, em Salvador da Baía.
Detentor de uma extensa obra escrita - na qual se destacam os cerca
de 200 semões, 700 cartas, «A história do futuro» ou «Clavis
Prophetharum» -, padre António Vieira é considerado uma das figuras
maiores das letras luso-brasileiras.
Pregado no Maranhão (Brasil), a 13 de Junho de 1654, o Sermão de Santo
António aos Peixes é um dos textos mais conhecidos de padre António
Vieira.
Padre António Vieira (actor: Jorge Oliveira)
Após a restauração da independência de Portugal face à coroa
espanhola (1640), o sacerdote vem a Lisboa interceder junto do rei para
que fossem criadas leis que garantissem um conjunto de direitos básicos
aos índios brasileiros, vítimas da exploração e da ganância por parte
dos colonos brancos.
Organizado em seis capítulos, o sermão divide-se em três partes: o
Exórdio (Cap. I); a Exposição e a Confirmação (Cap. II, III, IV e V); e
a Peroração (Cap. VI).
No Exórdio, Padre António Vieira apresenta o conceito predicável -
"Vós sois o sal da Terra" - e explica as razões pelas quais a terra está
tão corrupta. E levanta várias hipóteses: ou a culpa está no sal
(pregadores), ou na terra (ouvintes). Se a responsabilidade está no sal,
é porque os pregadores não pregam a verdadeira doutrina, ou porque
dizem uma coisa e fazem outra, ou porque se pregam a si e não a Cristo.
Se a culpa está na terra, é porque os ouvintes não querem receber a
doutrina, ou antes imitam os pregadores e não o que eles dizem, ou
porque servem os seus apetites e não os de Cristo.
Parte do princípio
que a terra está corrupta e que a culpa é dos ouvintes. Consegue isto,
uma vez que o sermão é proferido no dia de Santo António, aproveitando
assim o exemplo deste. Santo António não obteve resultados da sua
pregação e os homens até o quiseram matar, mas em vez de desistir
resolveu pregar aos peixes. Vendo-se nessa posição, padre António Viera
resolve seguir o exemplo inspirador do seu homónimo canonizado.
Esse recurso metafórico permite-lhe transferir, com mestria, toda a
carga crítica do conteúdo da mensagem para um universo subaquático,
organizado em camadas hierárquicas, tal como as sociedades humana.
Recorrendo a várias espécies, alude à relação entre o Homem e o Divino,
servindo as relações existentes entre os próprios peixes como motor para
pregar as suas convicções.
por:
Grandes Livros
2 - O Programa
Está disponível, em 5 partes (1/5, 2/5; 3/5, 4/5, 5/5), no Youtube. Reconstituo aqui, sem ter visionado todas as 5 partes do programa, o documentário da RTP2. Em nome da aprendizagem e da cultura, espero que não levante problemas de direitos de autor. Boa viagem!
11.11.2011 Sumário: Treino da expressão escrita: planeamento, escrita e revisão de texto.
Dos dois
temas apresentados, escolhe um e desenvolve-o num texto correcto e bem estruturado,
adequado a um jornal escolar, com um mínimo de 150 e um máximo de 250 palavras.
TEMA 1: É importante preservar o nosso planeta
Atualmente, as causas ambientalistas têm muitos defensores. Vários
são os apelos a que cada indivíduo, no dia-a-dia, se responsabilize pelas consequências
dos seus actos no meio ambiente.
Escreve um texto em que expresses a tua opinião acerca da responsabilidade de cada cidadão na preservação
da Terra.
No teu texto deves:
·referir
dois aspectos de desprotecção/abandono… do meio ambiente;
·Uma medida
que possa ser tomada para defender/proteger o meio ambiente;
·apelar
a uma alteração de comportamentos;
·apresentar outras informações que aches importantes.
TEMA 2: Os jovens e a Internet
Actualmente, os jovens dedicam muito tempo a actividades com ligação
à Internet.
Escreve um texto em que apresentes a tua opinião acerca da importância da Internet
para os jovens.
No teu texto, deves, relativamente à Internet:
·referir duas vantagens;
·indicar uma desvantagem;
·dar conselhos aos jovens utilizadores;
·apresentar outras informações que aches importantes.