29 de abril de 2018

Sobre “Leandro, rei da Helíria” (1991) de Alice Vieira

Índice do que aqui podes encontrar:


1. A autora; 
2. O livro; 
3. Resumo da ação; 
5. Análise da obra (título, estrutura externa, estrutura interna, ...); 
6. Apreciações críticas; 
7. Guiões e outras atividades para compreensão da obra.


1. A autora

Alice Vieira
Foto do seu perfil no Facebook

Para conheceres a sua vida e a sua obra, consulta: 
  1. "Viagem à roda do nome Alice";
  2. «Alice Vieira»in Editorial Caminho; 
  3. «Alice Vieira», in página da DGLAB; 
  4. «Alice Vieira», in Wikipédia; 
  5. «Alice Vieira», perfil no Facebook; 
  6. «Autor do Mês: Alice Vieira», in Biblioteca Pública de Évora.
  7. «Alice Vieira», in Casa da Leitura, da Fundação Calouste Gulbenkian. – doc. de 28 págs. em formato .pdf; aqui podes encontrar: «A escrita é a minha profissão» - entrevista com Maria Leonor Nunes; «Alice Vieira» - entrevista com Catarina Pires; «Trinta anos de livros e leituras» por Ana Margarida Ramos ; «Obras de Alice Vieira [bibliografia]» - por Rui Marques Veloso.

2. O livro

“Leandro, rei da Helíria” (1991) de Alice Vieira

Lisboa : Editorial Caminho, 1991.
 - com mais de 22 edições.
Texto integral da peça de Alice Vieira:
Leandro, Rei da Helíria, ebook em formato Word.
in blogue Português sem fronteiras, 19.01.2012.

3. Resumo(s) da ação

«Um rei bondoso, duas filhas más, uma filha boa e um bobo fiel. É assim o reino de Helíria!

Tudo está em paz até ao dia em que o Rei tem um sonho muito estranho que o leva a crer que está na altura de abandonar o trono.

Como não tem filho varão decide entregar o reino à filha que mais o amar. Para isso, cada uma deve exprimir, por palavras, os seus sentimentos.

Amarílis e Hortênsia fazem um lindo discurso comparando o seu amor ao Sol, ao ar e a todos os elementos vitais.

Violeta, a filha mais nova, não encontra outra comparação senão a de que quer ao pai tanto como a comida quer ao sal.

O Rei não entende esta medida de amor e, furioso, expulsa a filha, para sempre, e entrega metade do reino a cada uma das outras filhas.

Mais tarde, as filhas más acabam por expulsar o pai, que caminha durante anos com o seu bobo fiel por terras desconhecidas.

Já velho, cansado e cego, encontra, sem saber, o reino de sua filha Violeta. Esta serve-lhe um manjar de comida sem sal.

O pai compreende, então, a falta de um bem tão essencial e pede perdão a Violeta por não ter percebido que ela era a única filha honesta e que realmente o amava.»

Fonte: Helena, «Leandro, o rei da Helíria” de Alice Vieira», in blogue Português sem fronteiras, 19.01.2012.


Vídeo – Resumo do enredo da peça.
Fonte: Youtube 

4. Fontes de inspiração

Pelo menos, duas histórias terão servido  de inspiração ao texto dramático de Alice Vieira:



Um conto tradicional: 

Clica nesta imagem para leres o conto.

O Sal e a Água 

In: Contos tradicionais portugueses do povo português - recolha por Teófilo Braga, 1.ª ed. – Porto, 1860; com várias reedições nos nossos dias.

Uma das mais famosas tragédias:
Clica nesta imagem para saberes mais.

O rei Lear, de William Shakespeare

Edição recente em língua portuguesa: O rei Lear, de William Shakespeare. Porto, Col. “Shakespeare para o século XXI”, Campo das Letras, 2005.

5. Análise da obra


5.1. A edição utilizada é a 12.ª edição: Lisboa, Editorial Caminho, 2011. Portanto, todas as citações e indicações de página referem-se a essa edição.

5.2. O título «Leandro, rei da Helíria» cria a expectativa de a história ser sobre... uma personagem principal, chamada... Leandro (o nome surge em primeiro lugar) e que é... rei de uma terra chamada... Helíria
Portanto, uma personagem masculina e o seu poder sobre um certo território serão provavelmente aspetos importantes: «Deste o reino, deste o manto, / deste o cetro, deste a coroa / às filhas do teu encanto [...]» (p. 69). Como sabemos, trata-se de uma herança e uma questão de poder: Quem sucederá a Leandro no seu trono? Quem reinará em Helíria?

5.3. Estrutura externa da peça.

A peça divide-se em dois atos (quando o cenário muda, assistimos então ao 2.º ato); cada ato tem onze cenas (sempre que uma personagem sai ou entra em cena/palco demarca-se uma cena).
Podemos esquematizar a sua estrutura deste modo:












TEXTO DRAMÁTICO 
TOTAL






ATO 1
Cena 1
Cena 2
Cena 3
Cena 4
Cena 5
Cena 6
Cena 7
Cena 8
Cena 9
Cena 10
Cena 11





ATO 2
Cena 1
Cena 2
Cena 3
Cena 4
Cena 5
Cena 6
Cena 7
Cena 8
Cena 9
Cena 10
Cena 11

O texto principal são as falas das personagens, i.e., o modo de expressão dominante é o diálogo  - por exemplo:
PRÍNCIPE FELIZARDO: E o que é que a gente faz com um coração?
PRÍNCIPE SIMPLÍCIO: Tiraste-me as palavras da boca!

Existe ainda um texto secundário constituído pelas indicações do autor ou didascálicas destinadas aos atores e a todos os técnicos que contribuem para a encenação da peça. Essas indicações cénicas surgem entre parênteses e em itálico – vejamos vários exemplos:

Elementos envolvidos na representação do texto
Didascálicas
Cenarista
(No jardim do palácio real de Helíria. Rei Leandro passeia com o Bobo)
Aderecista
(Preparativos para a festa, os criados passam com grandes travessas, cestos, barris, etc. ... Cantam)     (p. 39)
Luminotécnico
(Aqui a cena fica suspensa, e a luz centra-se apenas no bobo, que fala para os espetadores na plateia)     (p. 14)
(A luz regressa à gruta)     (p. 79)
Sonoplasta
(Tocam as trombetas)     (p. 29)
Atores
BOBO (gritando de repente, depois de olhar muito para Violeta): É ela! É ela! Eu bem sabia que já tinha visto aquela cara! É ela! É Violeta!     (p. 103)
(Simplício encolhe os ombros)(Simplício diz que não com a cabeça, o outro fica mais sossegado)     (p. 55)

5.4. Organização interna da peça.

Como texto portador de sentido, i.e., em que se conta uma história e por partes, esta peça obedece a uma estrutura interna:
  1. exposição (introdução)
  2. conflito (desenvolvimento)
  3. desenlace (conclusão).
Partes
Delimitação no texto
Resumo
EXPOSIÇÃO
1.° ato: cenas I a VI
...
CONFLITO
1.° ato: cena VII, até
2.° ato: cena VIII
...
DESENLACE
2.° ato: cena IX até Cena XI
...


(em elaboração)



5.5 Apresentação das principais personagens (sua caraterização)



O rei Leandro

  • É rei do reino de Helíria.
  • Sente-se velho demais para continuar a reinar.
  • Está atormentado com um sonho que interpreta como sendo uma mensagem dos deuses.
  • Tem no Bobo um amigo, mas não lhe dá o devido valor.
  • O seu maior tesouro são as filhas, principalmente a mais nova, Violeta.
  • É impulsivo ao questionar as filhas e a julgar as suas respostas: demonstra ser cruel com Violeta por esta o desapontar com a sua medida de amor.
O Bobo
  • É uma personagem divertida que dá humor à ação.
  • Ao longo da peça, para além da sua função cómica, o Bobo assume também o papel de comentador e de crítico (por vezes, é irónico e muitas vezes os seus apartes expõem ou dão a conhecer melhor as pessoas que rodeiam o rei).
  • Revela ser inteligente e ponderado.
  • Apercebe-se bem do carácter das princesas.
  • Não abandona o Rei apesar da sua desgraça e é ele quem, anos mais tarde, o guia até Violeta.
  • Estabelece uma relação forte com o público através dos apartes e monólogos proferidos.
Amarílis
  • É uma princesa, a filha mais velha do rei Leandro da Helíria.
  • De acordo com a simbologia do seu nome de flor, a traição, diz o povo que é uma mulher artificiosa, enganadora e interesseira.
  • Não se preocupa com a superficialidade do noivo.
  • É falsa, ingrata e oportunista: na primeira oportunidade expulsa o próprio pai do seu reino.
Hortênsia
  • É uma princesa, a filha do meio do rei Leandro.
  • De acordo com a simbologia do seu nome de flor, a vaidade, diz o povo que as Hortênsias são mulheres caprichosas e inconstantes.
  • É falsa e interesseira, como a irmã mais velha: também ela não se sente culpada ou com remorsos por expulsar o pai do seu reino.
  • Não se incomoda com a falta de personalidade do noivo.
  • Entra em competição com a irmã Amarílis.
Violeta
  • É uma princesa, a filha mais nova do rei Leandro da Helíria e a sua preferida.
  • É uma filha preocupada, a amorosa e bondosa: preocupa-se com o bem-estar do pai e de todos. Simbolicamente a Violeta representa a modéstia. De facto, é a simplicidade de Violeta que vai provocar a ira do pai e a sua expulsão de casa.
  • Sente um amor verdadeiro e desinteressado pelo príncipe Reginaldo.
  • Apesar de ter sido incompreendida e expulsa do reino pelo pai, não lhe guarda rancor e perdoa-lhe todo o mal que lhe fez.
O Príncipe Felizardo
  • É o pretendente e futuro marido de Amarílis.
  • Novo-rico, e muito materialista – acha que o valor das pessoas se mede por aquilo que elas possuem –, é vaidoso, convencido, altivo, grosseiro, gabarola.
  • Sendo também interesseiro, não espanta que não dê importância ao amor no casamento entre duas pessoas.
  • Desculpa as suas atitudes com as ordens de Amarílis.
O Príncipe Simplício
  • É o pretendente e futuro marido de Hortênsia.
  • Vive na sombra de Felizardo, apoiando-o incondicionalmente, e revela uma fraca personalidade.
  • Tem um vocabulário reduzido e por isso apenas profere, ao longo de toda a peça, uma única frase: «Tiraste-me as palavras da boca.».
Príncipe Reginaldo
  • É o pretendente e futuro marido de Violeta.
  • Ama-a de verdade verdadeiramente e sente-se feliz por ser correspondido pelo amor igualmente desinteressado de Violeta.
  • Enfrenta o rei quando este expulsa do reino a filha mais nova, Violeta.
  • É terno, apaixonado, bondoso e generoso, e apoia Violeta nas suas decisões.
Pastor, Godofredo Segismundo
  • É perspicaz e detentor de sabedoria popular.
  • É uma pessoa feliz na sua humildade e no seu casamento com Briolanja.
  • Encaminha o rei para o palácio de Violeta, permitindo um final feliz.

6. Apreciações críticas


7. Guiões e atividades para compreensão da obra

QUIZ 
do Agrupamento de Escolas de Fajões.
– Após a leitura da obra, responde às questões, colocando uma cruz na opção correta.

da autoria de Maria João Martins e Miguel Fonseca.
- Orientações para trabalhos em grupo sobre esta peça.