21 de fevereiro de 2012

Guião - Respostas ao questionário 2


“Sermão de Santo António aos peixes” (1654)
do Padre António Vieira


Compreensão/Interpretação 2 (p. 56) – cap. II

1. e 1.1. Está presente a ironia na afirmação «Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase se não sente.» (ll. 4-5), pois visa-se criticar os moradores do Maranhão que não acatavam a palavra do pregador, ou seja, estavam insensíveis, indiferentes.

2. Relação entre conceito predicável e estrutura do sermão. Esquema de acordo como segundo parágrafo desta parte do sermão.

“Vos estis sal terrae”
Propriedades do sal

Propriedades das pregações
1. “conservar o são”

3. “louvar o bem”
2. “preservá-lo, para que se não corrompa”

4. “repreender o mal”


Divisão da argumentação do sermão em dois momentos:
Primeiro momento: Louvor das virtudes dos peixes
Segundo momento: repreensão dos vícios dos peixes


3. Elogio dos peixes pelo pregador:
Os peixes foram as primeiras criaturas que deus criou e foram os primeiros animais a serem nomeados; existem em maior quantidade e atingem as maiores proporções; ouviram de forma obediente e atenta a pregação de S. António; um peixe (uma baleia) salvou Jonas e o levou às praias de Nínive, para que aí pregasse e salvasse os homens; os peixes são os únicos animais que não se deixam domesticar.

4. Críticas aos homens versus virtudes dos peixes:
- O milagre que levou os peixes a ocorrerem para ouvir S. António sucedeu porque os homens, descontentes com as suas críticas, o haviam perseguido.
- O milagre da balei que salvou a vida a Jonas sucedeu porque os homens o haviam deitado ao mar.
- Segundo Vieira, é louvável que os peixes não se deixem domesticar porque assim não serão contaminados pelos pecados dos homens.

5. e 5.1. Há um jogo de palavras ou trocadilho na frase «Os homens tiveram entranhas para deitar Jonas ao mar, e o peixe recolheu nas entranhas a Jonas, para o levar vivo à terra» (ll. 69-71), pois faz-se contrastar o significado literal de «entranhas» (o interior da barriga) e o sentido da expressão idiomática «ter entranhas para» (ter coragem para). Deste modo, reforça-se o contraste entre a brutalidade dos homens e a compaixão dos animais, quando seria de esperar o inverso.

6. Quadro, de acordo com o texto.

«cante-lhe aos homens o rouxinol»
«mas na sua gaiola»
«diga-lhe ditos o papagaio»
«mas na sua cadeia»
«vá com eles à caça o açor »
«mas nas suas pioses»
«faça-lhe bufonias o bugio»
«mas no seu cepo»
«contente-se o cão de lhes roer um osso»
«mas levado onde não quer pela trela»
«preze-se o boi de lhe chamarem formoso ou fidalgo»
«mas com o jugo sobre a cerviz, puxando pelo arado e pelo carro»
«glorie-se o cavalo de mastigar freios dourados»
«mas debaixo da vara e da espora»

6.1. Paralelismo. Através da repetição da estrutura de coordenação  e do recurso a uma oração coordenada adversativa, pretende-se salientar o grande inconveniente que a proximidade com os homens traz aos animais: a perda da sua liberdade.

7. O argumento de autoridade a que recorre Vieira para demonstrar que os peixes tiveram vantagem em viver afastados dos homens é o exemplo de Santo António, o qual também se afastou dos homens.